quarta-feira, 5 de abril de 2017

Nova série de pedais Zimmer-Collen

         Olá.
   Em breve será lançada uma nova série de pedais entitulada Transistor One ou simplesmente T-1. O conceito por trás deste projeto visa proporcionar alta qualidade de timbre usando componentes simples, como o nome sugere serão usados apenas transístores, nada de circuitos integrados ou componentes dedicados. As primeiras unidades a serem distribuídas já estão em teste e breve estarão à disposição para quem quiser adquirir. Os primeiros pedais serão o Vibe One, Tube Drive e Frizz Cat.
   É claro que os tutoriais de para montagem estarão também à disposição para quem quiser se aventurar no universo "faça você mesmo". Então até breve.


 Aqui...um cidadão renascentista eternamente grato pela oportunidade de aprender e compartilhar conhecimento.



    Oldair Vieira

domingo, 12 de março de 2017

Double Neck Parte 2.2

     Ainda sobre as escalas, chegou o momento de colar e cortar os encaixes dos trastes. Aqui vai uma dica de um macete que descobri depois de penar um pouco da última vez que colei escalas. É o seguinte: antes de colar a escala deve-se prendê-la com morsetes para verificar a posição onde ela vai ficar e se não há alguma imperfeição que cause problemas posteriores. Isso é fácil de fazer porquê madeira com madeira tem bom atrito entre si. Mas a situação muda quando você adiciona a cola que é líquida e viscosa portanto escorregadia. Na hora de prender as peças com a cola nada fica no lugar e quanto mais você aperta o morsete mais as peças fogem. Vira um inferno! A cola começa a secar e as peças não vão para o lugar. A dica é: use pregos! Isso mesmo, mas não é para pregar a escala com pregos!! Ponha-os nas laterais por fora da escala apenas para que essa não corra quando for apertar os morsetes. Vejam as fotos.



     Feito isso, proceda com a colagem. Não deverão haver mais problemas. Na foto a peça já colada e devidamente marcada para receber os cortes.


     Abrindo as cavidades para os trastes ou "sloting".
     Aqui vem o procedimento que merece mais atenção em um instrumento entrasteado. A correta colocação dos trastes é que vai definir se o instrumento vai afinar ou não. Mas isso já foi discutido no tópico anterior então depois de feitas as marcações o cuidado é para o corte não fugir delas.
     Qual ferramenta usar?
     É claro que existem no mercado especializado ferramentas específicas para este trabalho (que custam pequenas fortunas) porém qualquer serra com as medidas certas servirá. Aí é que está o problema. Ainda não encontrei por aqui uma serra com espessura de corte de 0,6 mm que é largura que o corte deverá ter. A solução foi improvisar (penso que estou ficando bom nisso)!
     Adquiri uma Serra Meia-Esquadria com uma lâmina fina para madeira. Esta serra tem um esquadro ajustável que permite corte em ângulos com boa precisão. Fazendo o teste descobri que o corte ficava muito aberto por causa da trava dos dentes. Aí vem o improviso. Desmontei a serra, tirei a lâmina e lixei com a lixadeira angular usando uma lixa bem grossa até tirar a trava dos dentes fazendo-a ficar bem mais estreita. É claro que isso tem um efeito colateral, a trava serve para abrir caminho e sem ela a serra engancha. Como a profundidade do corte é de apenas alguns milímetros não haverá problemas porém esta lâmina não servirá para nenhum outro serviço.



     A serra sacode um pouco então prenda-a com um morsete à mesa. Proceda com cautela fazendo cortes de aproximadamente 2 mm de profundidade. Notem que a peça está bruta, sem modelagem e a escala ainda não foi abaulada. Isso faz parte de um conjunto de protocolos que adotei para facilitar procedimentos futuros à serem explanados posteriormente. No momento pode-se notar que a peça bruta ainda se mantém no esquadro e se ajusta facilmente em qualquer ferramenta evitando erros. 
     Após os cortes feitos podemos então começar com a formatação do braço. O primeiro passo é retirar o excesso de madeira cortando as laterais até chegar próximo à paleta. Usei a serra circular de mão para a tarefa. Depois deve-se retirar o excesso por trás do braço e fazer a angulação da paleta que pode ser feita com uma serra de fita (se tiver uma) ou outra ferramenta que o faça inclusive a lixadeira angular com uma lixa de desbaste (24).




     Feito todo o trabalho, aí está o resultado. É importante perceber que até agora o trabalho foi muito lento porquê esta é a parte mais sensível do projeto onde qualquer erro pode comprometer todo o resto. Quem está iniciando agora certamente sentirá um pontada de ansiedade ( chazinho de Passiflora ajuda!) mas prometo que daqui pra frente será bem mais divertido. Por hoje é só.

     Oldair Vieira - Cidadão Renascentista

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domingo, 26 de fevereiro de 2017

Pedal Trilegal II - A revanche

   

     Aháá!! Ele está de volta. Depois do sucesso do primeiro pedal trilegal que foi o do Marcus Viana (Beatlemania) agora foi a vez de Jeff Sena (Terno Elétrico) adquirir o seu exemplar. Desta vez Jeff queria um pedal com duas distorções para base e solo e algo para dar uma "molhadinha" no som da sua guitarra. Logo sugeri o D.O.C. para base, RATO para solo e EASYVIBE para aquela molhada.
     Para não delongar muito serei mais objetivo, vocês já conhecem os detalhes de construção de pedais então vou me ater as modificações que fiz para tornar o projeto mais prático. Vamos aos circuitos. O D.O.C (OCD) é um overdrive da Fulltone muito conhecido, tem um som limpo podendo chegar a saturar como um ampli Marshall. É ótimo para bases com pouca distorção e para solos quando o controle "drive" está no máximo.


     Aí está. Os componentes críticos são os transístores BS 170 (2n 7000) e o diodo de germânio 1n 34 (qualquer um diodo de sinal serve desde que seja de germânio). Neste aí apenas eliminei a chave de boost e acrescentei o Milenium Bypass que vou explicar depois.
     O próximo é o Rato (Rat) da Pro Co. É uma distorção hard com ótimas características. Tem baixíssimo ruído com grande range podendo ir de overdrive até um fuzz.
     Aqui o componente crítico é o C.I. LM 308, não tem como substituir por suas características porém é fácil de se encontrar em lojas. O FET de saída pode ser o BF 245 A,B ou C.
     E pra finalizar, o Easy Vibe. Este circuito foi desenvolvido por John Hollis com objetivo de recriar o som do Univibe em um circuito mais simples com componentes mais acessíveis. 

     Não há componentes críticos. Pode ser montado como está aí e vai funcionar perfeitamente. Eu porém, não gostei muito do resultado e fiz várias modificações. Vamos à elas: 1 - O diodo e os leds da tensão de referência foram removidos e substituídos por um resistor de 10K, assim a tensão neste ponto fica em exatamente metade da tensão da fonte. 2 - Os capacitores dos filtros "All Pass Network" ficaram todos com o mesmo valor de 22 nf. 3 - Os diodos em paralelo com o controle "depth" foram removidos. 4 - O resistor da chave Vib/Chorus que vai à tensão de referência foi desligado desta e religado ao terminal de entrada negativa do filtro nº 2 para uma coloração diferente.   
     O Milenium Bypass.
     Este circuito surgiu nos pedais Rat e tem por função acender um led usando apenas um terminal da chave de Bypass. Porquê? Para manter a função True Bypass da chave analógica de 6 terminais (DPDT - 2 polos e 2posições). Como funciona? Um transístor é posto em condução à partir de um divisor resistivo na sua entrada usando como referência a impedância de saída do circuito. A corrente que circula por ele faz acender o led quando a carga é removida da entrada. Muito simples, o problema é que este circuito original usa um FET (Transístor de efeito de campo) e um resistor de 22M (?) no gate. O FET tem de ter ganho A ou B senão o led não apaga totalmente e o resistor de 22M é impossível de achar. Solução? Criei minha própria variação do circuito usando um transístor bipolar ordinário (e quanto mais ordinário melhor), o BC 547 B. Funciona melhor que o original. 


     Note que a impedância de saída do circuito deverá estar em torno de 100k senão terá que recalcular o valor do resistor de 1M5. 
     É isto. Não há nada mais relevante em relação aos circuitos. Vamos às placas.
     Bom, quando iniciei este projeto não era minha intenção fazer um passo a passo por isso não fiz a lista de peças e a identificação dos componentes no layout. Mas isso não será problema para quem já tem alguma familiaridade com montagens afinal os desenhos estão aí bem mastigadinhos. Nas placas do Rato e O.C.D. eu incluí o circuito do True Bypass em sua forma original por isso será necessário trocar os componentes e observar a pinagem do transístor.
     Para a caixa de metal, eu as encomendei na Dimaço em Taguatinga. Basta fazer o desenho e eles executam. É muito barato, vale a pena. Depois é só furar, pintar, customizar etc. 
     Como disse, não era a intenção... portanto, quaisquer dúvidas entrem em contato, por favor. Terei prazer em esclarecê-las. Deixarei então as imagens do pedal pronto. Logo teremos vídeos e test drives.






     Enfim, pedal pronto, testado e aprovado.

     Aqui, (vocês já sabem) um cidadão renascentista...compartilhar sempre

     Gratidão Eterna

     Oldair Vieira


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Double Neck Parte 2

     Pois bem, as escalas!!
     É bem comum no mundo da lutheria os luthiers comprarem os templates (moldes ou modelos) das escalas em lojas especializadas ou copiarem de outros instrumentos já consagrados. Aliás, a cópia é uma prática bem comum neste ofício, a maioria dos luthiers não criam novos modelos ou sequer desenvolvem novas técnicas e tecnologias para a produção de instrumentos. Tudo se baseia na "tradição".Entretanto, se você quer se tornar um profissional deve aprender as técnicas corretas. Dado que há por trás disto um conceito de tradição poucos se aventuram a inovar. Eu, com certeza estou disposto!
     Porém, sendo a divisão da escala musical uma função matemática não há muito o que inventar a não ser o tamanho desta. Aqui, introduzirei um conceito diferenciado para se definir o tamanho das escalas. Em primeiro lugar levarei em consideração que um instrumento de 2 braços sendo baixo e guitarra pode ter como vantagem escalas que se aproximem ligeiramente em tamanho para que a transição entre um e outro não seja tão drástica. Sendo assim tornarei a escala do baixo um pouco mais curta (uns 4 cm + ou -) e da guitarra ligeiramente mais longa ( 1 cm). Como a distribuição das medidas é feito traste à traste será pouco perceptível entretanto proporcionará conforto na hora de tocar.
     Aqui entra um segundo conceito mais subjetivo. O trio Protofonia afina seus instrumentos em 432 hertz, a frequência universal cujas subdivisões são exatas. Não vou adentrar o assunto mas quem quiser pesquisar pode acessar este link para ter uma noção do que se trata Afinação Natural do Universo. Com base nesta informação encontrei através de subdivisões os tamanhos de 64 cm para a guitarra e 81 cm para o baixo.
     De posse das medidas é hora de começar os cálculos das posições dos trastes. A escala de um instrumento não é linear, se você dividí-la em 12 partes iguais não vai afinar! A essa altura você já observou que as casas próximas à pestana (nut) são mais largas e ficam mais estreitas à medida que avançam na escala ( desculpem o óbvio mas isso é pra ser um manual prático). Constatamos então que a escala musical é logarítmica sendo inversamente proporcional para medidas métricas, ou seja: para cada oitava acima a frequência dobra enquanto na métrica o tamanho diminui pela metade. Ná prática se tivermos uma escala de 64 cm da ponte até a pestana e uma corda afinada em lá 108 hz ao dividirmos a escala no meio exato teremos 32 cm (metade da medida) e a nota lá 216 hz (dobro da frequência). Até aí está fácil. Mas como encontrar as medidas dos intervalos musicais dentro da oitava?
     Durante o tempo em que as cordas de instrumentos eram feitas de tripa os luthiers usavam a famosa regra de 18 que consistia em divisões sucessivas do tamanho da escala por 18 sempre subtraindo a diferença encontrada na divisão anterior. Confuso? Eu explico. Pegue o tamanho total da escala (da ponte à pestana) e divida por 18. Esta medida será a posição do primeiro traste à partir da pestana. Subtraia esta medida do total. O que sobrar divida novamente por 18. Esta medida será a posição do segundo traste. Subtraia esta medida do total. O que sobrar divida novamente por 18 e assim sucessivamente até chegar na quantidade de trastes que desejar. Perfeito? Não. Este método contém um erro. Para uma escala de 62 cm há uma derivação de aproximadamente 2,5mm. Porquê foi usado durante tanto tempo e ninguém percebeu? As cordas de tripa, lembram? Elas exibem uma derivação natural na afinação. Então descobriu-se que o divisor correto é o número 17,817. Refaça os cálculos e dará certo.
     Ok, É importante que se faça os cálculos para se aprender embora seja um trabalho custoso. Entretanto existem softwares que fazem isso pra você. Vou deixar o link de um site onde encontrá-lo. Aliás, onde encontrei a maioria das informações aí postadas.http://liutaiomottola.com/formulae/fret.htm
     Procedendo com os cálculos no papel e no software cheguei às mesmas medidas o que demonstra na prática que o processo está correto. Vamos a elas.
     Medidas para a guitarra:

     Medidas para o baixo:


     As escalas são duas peças de ipê medindo 70x06 cm com 0.7 cm de bitola. Use desengrosso para chegar na espessura correta.
     Pela minha experiência as escalas são peças pequenas e finas difíceis de se prender em outras máquinas para se trabalhar tornando-se suscetíveis a erros em especial os cortes para os trastes que exigem precisão. Por isso prefiro colar primeiro e depois fazer os cortes. Para tanto é necessário se fazer as canaletas para inserir os tensores. Não tem segredos. Faz-se a marcação com um lápis exatamente no centro do braço e corta-se com a tupia. Note que deve usar uma fresa com a medida exata do corpo do tensor. Vocẽ pode escolher entre a bala embutida ou aparente ( a bala é aquela cabeça do tensor onde se coloca a chave allen para ajuste), eu uso embutida. Neste local o corte é mais largo pois a chave precisa ter espaço para girar quando for fazer o ajuste.
     Vejam as fotos:




     Estando tudo ajustado e encaixado é hora de colar. Mas isso será no próximo capítulo. Até lá!

     Aqui, um cidadão renascentista compartilhando suas pequenas descobertas.

     Gratidão eterna.

     Oldair Vieira

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

Tecnologia Assistiva - Porque nem sempre o que parece é e às vezes o que é não parece...

     Nesta minha jornada pela vida a bordo desta espaçonave chamada Terra muitas vezes precisei ajustar coisas à minha realidade de deficiente sem me dar conta que isto era um tipo específico de desenvolvimento tecnológico. 
     Tecnologia (do grego τεχνη — "técnica, arte, ofício" e λογια — "estudo") é um termo que envolve o conhecimento técnico e científico e a aplicação deste conhecimento através de sua transformação no uso de ferramentas, processos e materiais criados e utilizados a partir de tal conhecimento. (fonte - wikipédia)
     Tecnologia Assistiva é um termo ainda novo, utilizado para identificar todo o arsenal de Recursos e Serviços que contribuem para proporcionar ou ampliar habilidades funcionais de pessoas com deficiência e consequentemente promover Vida Independente e Inclusão. (fonte - www.assistiva.com.br)
     Sendo proprietário de estúdio de gravação e lidando com diversos equipamentos, a maioria deles pesados comecei a colocar rodas em tudo. Pra quê carregar peso à toa, não é? O corpo agradece. Também me cansei de ficar pedindo a pessoas que me ajudassem com coisas que eu mesmo poderia resolver desde que fizesse algumas alterações. 
     Uma dessas alterações é uma ideia "genial" que tive para resolver o problema de mobilidade em torno da bateria (aquelas do tipo "porque não pensei nisso antes?"). Como devem saber, uma bateria precisa de um (ou mais) microfones para cada peça. Nos tambores usamos grampos (clamps) para  os microfones porém nos pratos e címbalos é preciso usar pedestais. Pedestais ocupam muito espaço e a bateria já tem as estantes dos pratos que não deixam por menos tornando o espaço um emaranhado de pernas e fios. Um verdadeiro perigo para quem usa bengalas como eu. 
     Mas isso pode ser melhorado!! Como? Muito simples. Pegamos os pedestais de microfones e viramos de cabeça para baixo prendendo no teto, assim deixamos  o chão livre de pernas. Há, há, há. Pegadinha... Não, é sério!! Vamos as fotos então...



     Olha aí...Espaço mais que suficiente para trafegar em torno dela. 
     A modificação é simples. Desmontei os pés dos pedestais deixando apenas a base de apoio destes. Furei o teto (que no meu caso é de madeira, se for de concreto terá que fazer embuchamento) e parafusei a base nele mantendo todas as regulagens dos pedestais. Assim posso posicioná-los em qualquer direção e não atrapalharão a minha mobilidade. Ainda melhorarei a estética dos cabos mas por enquanto é isso. Novidades serão postadas em breve.



     Os címbalos também ganharam uma adaptação que eu fiz usando um grampo para pratos eliminando mais um pedestal. No total foram eliminados 3, ou seja : 9 pernas a menos para atrapalhar. Mas este eu mostrarei em detalhes em outra postagem. Até lá.

     Aqui vos fala um cidadão renascentista que compartilha tudo o que sabe.

     Gratidão eterna.

     Cordialmente

     Oldair Vieira