domingo, 12 de março de 2017

Double Neck Parte 2.2

     Ainda sobre as escalas, chegou o momento de colar e cortar os encaixes dos trastes. Aqui vai uma dica de um macete que descobri depois de penar um pouco da última vez que colei escalas. É o seguinte: antes de colar a escala deve-se prendê-la com morsetes para verificar a posição onde ela vai ficar e se não há alguma imperfeição que cause problemas posteriores. Isso é fácil de fazer porquê madeira com madeira tem bom atrito entre si. Mas a situação muda quando você adiciona a cola que é líquida e viscosa portanto escorregadia. Na hora de prender as peças com a cola nada fica no lugar e quanto mais você aperta o morsete mais as peças fogem. Vira um inferno! A cola começa a secar e as peças não vão para o lugar. A dica é: use pregos! Isso mesmo, mas não é para pregar a escala com pregos!! Ponha-os nas laterais por fora da escala apenas para que essa não corra quando for apertar os morsetes. Vejam as fotos.



     Feito isso, proceda com a colagem. Não deverão haver mais problemas. Na foto a peça já colada e devidamente marcada para receber os cortes.


     Abrindo as cavidades para os trastes ou "sloting".
     Aqui vem o procedimento que merece mais atenção em um instrumento entrasteado. A correta colocação dos trastes é que vai definir se o instrumento vai afinar ou não. Mas isso já foi discutido no tópico anterior então depois de feitas as marcações o cuidado é para o corte não fugir delas.
     Qual ferramenta usar?
     É claro que existem no mercado especializado ferramentas específicas para este trabalho (que custam pequenas fortunas) porém qualquer serra com as medidas certas servirá. Aí é que está o problema. Ainda não encontrei por aqui uma serra com espessura de corte de 0,6 mm que é largura que o corte deverá ter. A solução foi improvisar (penso que estou ficando bom nisso)!
     Adquiri uma Serra Meia-Esquadria com uma lâmina fina para madeira. Esta serra tem um esquadro ajustável que permite corte em ângulos com boa precisão. Fazendo o teste descobri que o corte ficava muito aberto por causa da trava dos dentes. Aí vem o improviso. Desmontei a serra, tirei a lâmina e lixei com a lixadeira angular usando uma lixa bem grossa até tirar a trava dos dentes fazendo-a ficar bem mais estreita. É claro que isso tem um efeito colateral, a trava serve para abrir caminho e sem ela a serra engancha. Como a profundidade do corte é de apenas alguns milímetros não haverá problemas porém esta lâmina não servirá para nenhum outro serviço.



     A serra sacode um pouco então prenda-a com um morsete à mesa. Proceda com cautela fazendo cortes de aproximadamente 2 mm de profundidade. Notem que a peça está bruta, sem modelagem e a escala ainda não foi abaulada. Isso faz parte de um conjunto de protocolos que adotei para facilitar procedimentos futuros à serem explanados posteriormente. No momento pode-se notar que a peça bruta ainda se mantém no esquadro e se ajusta facilmente em qualquer ferramenta evitando erros. 
     Após os cortes feitos podemos então começar com a formatação do braço. O primeiro passo é retirar o excesso de madeira cortando as laterais até chegar próximo à paleta. Usei a serra circular de mão para a tarefa. Depois deve-se retirar o excesso por trás do braço e fazer a angulação da paleta que pode ser feita com uma serra de fita (se tiver uma) ou outra ferramenta que o faça inclusive a lixadeira angular com uma lixa de desbaste (24).




     Feito todo o trabalho, aí está o resultado. É importante perceber que até agora o trabalho foi muito lento porquê esta é a parte mais sensível do projeto onde qualquer erro pode comprometer todo o resto. Quem está iniciando agora certamente sentirá um pontada de ansiedade ( chazinho de Passiflora ajuda!) mas prometo que daqui pra frente será bem mais divertido. Por hoje é só.

     Oldair Vieira - Cidadão Renascentista

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